terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Divagações sobre o Estado Social

Ora boas, tudo feliz com este novo ano? Não se preocupem que já vos passa...
Nestes últimos tempos tenho andado a evitar falar de política, a verdade é que a pouca vergonha é tanta que já nem apetece falar nela, mas de vez em quando surgem assim umas pérolas. Este Governo é, para ser suave na adjectivação, um poço de contradições no que toca à relação entre posições políticas e medidas tomadas. Desta feita temos um novo pacote de medidas simpáticas no que toca às ajudas ao despedimento. Usando a linguagem tauromáquica de certos políticos, depois de vociferarem contra as bandarilhas propostas pelo PSD o PS está já de espada em riste para matar o touro na arena. 
 
O pacote de medidas em causa prevê a redução de dias pagos por cada ano de trabalho (de 30 para 20) e um tecto máximo de 12 anos de indemnização. Se por um lado é compreensível um incentivo à flexibilização (para não manter pessoas que, ao fim de décadas, já nada rendem, como se vê muito na função publica), por outro lado falta claramente uma função social às empresas que tendo ficado com o que de melhor o trabalhador tinha para dar nos seus anos de juventude são corridos para o desemprego de forma vil e sem qualquer perspectiva de reingressar no mercado de trabalho dada a idade que já têm. 
Pior ainda é o facto de pretenderem criar um novo imposto. Este imposto vem algo disfarçado, mas mal... Supostamente é um fundo de poupança forçado pelo Estado (que como entidade responsável que tem provado ser, é quem vai guardar esse valor) que será depois utilizado pelas empresas para pagarem as devidas indemnizações! Fantástico não é? Portanto, o trabalhador não só se vê desprovido de protecção (na única coisa em que até estávamos um pouco melhores que no resto da Europa) como ainda desconta, indirectamente, para o seu próprio futuro despedimento... Para os mais desatentos devo sublinhar que o imposto recai sobre as empresas e não sobre os trabalhadores, mas tal como já disse a associação dos patrões, esse imposto vai-se reverter numa baixa de salários (nada previsível certo?).
Para os mais preocupados, descansem com as palavras de Maria Helena André, Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, quando indagada pelos jornalistas sobre a justiça da medida: “vamos la ver, um trabalhador quando entra no mercado de trabalho não entra com a ideia de saber quanto é a sua indmenização quando é despedido”, está tudo dito...

Pois é verdade, regozijem-se portanto os Socialistas, carregadinhos de moral para falarem do ataque ao Estado social, depois de uma medida destas.
Bom, que haja trabalho para quem quer trabalhar, já agora, e de forma perfeitamente inocente, podem aqui aceder ao CV da Ministra em causa disponibilizado pelo próprio site do ministério. Como nota, alguém me sabe dizer que "outras actividades" teve esta senhora para pertencer à UGT desde os 21 anos?
 
Um grande bem haja,
GN

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