sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Adeus Oprah…

Já não era sem tempo, finalmente, após 25 anos o seu programa chega ao fim! Claro que nem tudo são rosas e tal como os Delfins parece que a excelentíssima Oprah Winfrey quer regressar um ano depois numa outra estação televisiva. É pena…
Sei que por esta altura, as eventuais donas de casa que se tenham deparado com este post me estão a rogar pragas, mas sinceramente, entre ver a Oprah e a Júlia Pinheiro (ou quem quer que faça programas do mesmo género) não há qualquer diferença. O modelo é incrivelmente básico: temos o tema social que perturba a apresentadora (que por vezes se perturba demasiado com coisas de pouquíssima importância), o famoso (ou medianamente famoso) que vai lá falar da sua vida de forma muito pessoal (se possível à volta de um tema trágico) e por ultimo mas não menos importante, uma mão cheia de ilustres desconhecidos que vão expor a sua vida privada e chorar que nem umas “Madalenas arrependidas” durante o resto do tempo que dura aquele inferno… Assim se faz um programa vencedor que tornou aquela querida senhora na mulher mais influente do mundo (é preciso ter sorte).
Sim, também sei que vou ser rotulado de insensível, até mesmo de ignorante porque quem vê o programa atentamente diz que por lá se aprende muito (?) mas e que tal um programa a sério? Se é conhecimento que buscam vejam um dos muitos canais Discovery, Odisseia, National Geographic ou História. Se buscam informação e tragédia real têm uma vasta lista de programas de informação (para os mais desatentos, há canais que nem fazem outra coisa senão darem noticias durante todo o dia, onde os dramas são abordados de uma forma séria em vez de “hormonal”, fantástico não é?). E claro se querem “novela”, enfim, é mudarem para SIC ou TVI a partir de meio da tarde e caso não calhem num bloco publicitário terão a vosso favor mais de 80% de hipóteses de darem de caras com uma das muitas novelas nacionais ou brasileiras…

Pois é verdade, agastam-me esse tipo de programas que apenas alternam entre a coscuvilhice e a exploração da tragédia humana. Acho bizarra a necessidade que tanta gente tem de se imiscuir na vida alheia. Não digo que os problemas dos nossos pares não devam ser levados em consideração, muito pelo contrário, o que não me parece nada digno é explorar as suas tragédias por questões de audiências onde tudo é transmitido com um dramatismo falso! Sejamos verdadeiros, as historias da senhora que foi despedida, que tem todos os problemas de saúde que se podem imaginar, em que o marido a traiu e a filha fugiu de casa com um toxicodependente, por mais triste que seja (e é) ninguém se vai lembrar dela dois dias depois… Ou seja, durante uma hora é rir de coisas sem interesse e chorar lágrimas de crocodilo.
Vamos lá mas é ver coisas a sério, que nos dêem conhecimento, divirtam  ou façam pensar e esperar que a Oprah se reforme ao fim de um quarto de século de maus programas.

Um grande bem haja,
GN

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Chocolate Contradanças

Já tenho a vossa atenção? O titulo foi nesse sentido pelo menos. Prosseguindo…

O caso “face oculta” andava a passar-me ao lado. Já estou um bocado saturado de “casos” que aparecem com todo o mediatismo e depois dão em nada porque inexplicavelmente morrem sempre nos tribunais. No entanto, ao saber que este “doce de pessoa” estava indiciada mudei logo a minha postura e percebi que tinha de me inteirar da situação, e em boa hora o fiz! Apesar de repetitiva é sempre cómico ver este tipo de fenómenos a serem divulgados pela comunicação social. A primeira parte é sempre um pouco monótona, há senhores que revelam as noticias, carregadas de dramatismo, levam a publico os malvados que se andam a aproveitar dos dinheiros do povo. Até aqui raramente há algo de novo a apontar, eventualmente vão diferindo os esquemas que levam ao saque e os montantes em causa (tipicamente os montantes são tão elevados que mais milhão menos milhão já soa tudo ao mesmo), mas acho pouco interessante, é como não ver um jogo de futebol para depois andar a ver tudo quanto é resumo e comentário – apenas interessa aos mais tecnicistas. Eu cá gosto mesmo é do jogo em si! Gosto do chorrilho de disparates que se dizem, rio-me com as desculpas esfarrapadas e insulto aos árbitros quando estes dizem “Alto! Usar escutas já é batota!”. Isto sim faz vibrar, isto é espectáculo, isto é… Portugal no seu melhor.

Antes de qualquer dissertação da minha parte tenho uma sugestão: a criação de um manual de escutas para a PJ! Certamente que os senhores do outrora “Novo Mundo” já terão criado algo do tipo “Surveillance for dummies – phone tapping for complete idiots” (o qual carinhosamente traduzo para: “vigilância para totós – escutas telefónicas para perfeitos idiotas”).
Sim, sei que neste caso até estou a ser algo injusto, mas em abono da verdade acho que nunca vi nenhuma escutas com o mínimo de relevância a não serem anuladas. Há sempre qualquer coisa que as anula e tipicamente é sempre um pedido ou um impresso que não entrou a tempo e horas no tribunal para que as mesmas possam ser utilizadas.
Neste caso a coisa torna-se bem mais sórdida. Foram autorizadas as escutas a Armando Vara que terá tido conversas telefónicas com José Sócrates. Como o Primeiro-Ministro aparece em conversas, aparentemente pouco recomendáveis já que foram pedidas certidões das escutas resultantes, agora pede-se a nulidade das mesmas. Ora, o pedido de escutas foi feito para Armando Vara, logo, que sentido faz anular as mesmas só porque aparece o Primeiro-Ministro? Aparentemente o PS achou que isso fazia extremo sentido, daí ter aproveitado a legislatura passada para aprovar uma lei que impede que escutas que “envolvam” o Primeiro-Ministro, o Presidente da Republica ou o Presidente da Assembleia sejam utilizadas sem a prévia aprovação do Supremo Tribunal de Justiça. De resto bem se vê a preocupação de José Sócrates quando publicamente questiona há quanto tempo anda a ser escutado e se isso é legal. Segundo ele próprio, essas e que são as questões que ele quer ver respondidas!

Pois é verdade, continuamos a viver num país de barões, onde o factor “C” vale mais do que qualquer outro. Mantemo-nos  na nossa vidinha, indiferentes à falta de vergonha dos nossos governantes e da generalidade dos agentes de poder. Longe vai o tempo em que quando saia um escândalo deste calibre o acusado se desfazia em justificações (desculpas não pagam dividas e justificações de pouco ou nada adiantam, mas pelo menos havia um mínimo de vergonha por parte dos participantes). Agora passam logo ao ataque, viram a mesa e acusam-se as autoridades judiciais de atentarem ao seu bom nome! Gritam justiça (?) e mesmo depois de se saber os conteúdos das escutas (Apito Dourado por exemplo) ou de o tribunal os condenar à prisão com pena suspensa (o inesquecível caso Fátima Felgueiras) vêm para a porta dos tribunais dizer que justiça foi feita e que como se provou, não só estão inocentes (?), como são pessoas de bom nome, sérias e honradas como não há outras!
Caríssimos, se ponderam incorrer em actos de legalidade duvidosa avaliem bem a vossa condição. Uma coisa é certa, se não forem suficientemente ricos e influentes ou se não forem suficientemente miseráveis e atacarem em bandos, é certo e sabido que vão estar atolados em algum processo judicial que pode terminar bastante mal para a vossa parte, caso contrário, parece que o crime compensa...

Um grande bem haja,
GN

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um dia nos transportes de Lisboa

“Coisas que me aborrecem”, esta seria outra hipótese para o titulo deste post. Como já estão a adivinhar a coisa hoje não correu pelo melhor. A bem da verdade, esta está longe de ser a 1ª vez.
Para quem não sabe, há umas semanas comecei a ir para o meu local de trabalho pela muito anunciada via dos transportes públicos. As publicidades são fantásticas, apregoam os transportes públicos como sendo algo que funciona, e há uns meses até o Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, deu ares de sua graça com uma dita corrida sem grande interesse entre uma bicicleta, um Porsche e o metro. A verdade porém é algo duvidosa, não sempre é claro, mas estou aqui para relatar o absurdo que é o meu percurso diário.

Começo então por descrever o percurso feito. Todos os dias apanho o comboio na estação de Carcavelos, saio em Alcântara-Mar e dirijo-me a pé para Alcântara-Terra. Por algum motivo (relativo a questões de  insegurança, assumo eu) retiraram o percurso coberto que ligava as duas estações. Para quem não conhece, as duas estações não estão propriamente próximas uma da outra e o percurso é bastante desabrigado pelo que se adivinha um Inverno animado. A ajudar à festa o cruzamento mais próximo de Alcântara-Terra é, na melhor das hipóteses, demoníaco e um verdadeiro teste à sobrevivência… Por ultimo apanho o comboio de Alcântara até Moscavide. No final do dia, como seria de esperar, o percurso é exactamente o inverso e foi no regresso que mais uma vez a coisa deu para o torto.

Tudo começou ainda no trabalho (claro que aqui não vou apontar o dedo à CP) em que depois de um dia até bastante pacifico houve pedidos de ultima hora. Faço o que posso para tratar do assunto e aí vou eu para a estação de Moscavide, assim que lá chego constato o que já suspeitava, perdi o comboio das 18h25 por 2 minutos. Aqui sim começo a desejar mal aos senhores que tratam dos horários da linha em causa, é que o próximo comboio que pára em Alcântara-Terra só passa às 18h55 (sim, mesmo em hora de ponta o comboio tem uma periodicidade de 30 minutos, coisa que dá imenso jeito). Ainda estou eu a recalcular os tempos de chegada a casa e oiço logo a malfadada voz mecânica que avisa atrasos de 10 minutos na linha… A estação de Moscavide é bastante manhosa, tal como quase todas as que servem o percurso que eu faço, portanto resolvi apanhar no primeiro comboio que apareceu de forma a ficar em Entrecampos e assim diminuir as chances de ser abordado por algum meliante que me alivie dos parcos pertences que transporto. Ao fim de mais de 10 minutos de atraso lá aparece o comboio para Alcântara-Terra. Saio da ultima estação, passo pelo dito cruzamento onde testo novamente as leis de Darwin(até à data posso dizer que tenho tido um sucesso notável em não ter apanhado com um carro em cima) e sigo para Alcântara-Mar o mais depressa que posso. Chego lá e claro, ainda vou a tempo de ver o comboio de São Pedro partir… Mais uma vez apanho o primeiro comboio que me aparece à frente, que era o de Cascais (não para em Carcavelos). Saio em Oeiras, espero que venha o comboio de Oeiras (não me enganei a escrever, há mesmo um comboio cujo destino final é Oeiras) e finalmente lá vem um comboio que para em Carcavelos. Chego ao meu destino às 20h07 (1h40 de percurso) e constato que já não consigo ir aos planeados treinos de Aikido. Ricos transportes, penso eu…

Pois é verdade, sem dúvida que se poupa dinheiro e é inquestionável que se preserva o ambiente, mas que tal fazerem uma rede de transportes a sério? É que cobrar a entrada de carros na cidade (ideia muito em voga  nas autarquicas) é muito fácil, criticar que leva transporte próprio está ao alcance de qualquer um, mas então e alternativas interessantes? O que é feito de transportes públicos que realmente funcionem, que não se atrasem e que tenham uma regularidade aceitável? Parece-me no mínimo patético que não exista uma ligação entre as duas estações de Alcântara, pior ainda o facto de não haver sitio onde atravessar no ultimo cruzamento(não quero nem pensar na quantidade de atropelamentos que de certeza já ali se deram) e por ultimo, o lastimável estado das estações (para além da degradação, boa parte delas não têm nem um posto da CP, apenas uma máquina de venda de bilhetes).
Por hoje fico-me por aqui, era apenas um desabafo.

Um grande bem haja,
GN