terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um dia nos transportes de Lisboa

“Coisas que me aborrecem”, esta seria outra hipótese para o titulo deste post. Como já estão a adivinhar a coisa hoje não correu pelo melhor. A bem da verdade, esta está longe de ser a 1ª vez.
Para quem não sabe, há umas semanas comecei a ir para o meu local de trabalho pela muito anunciada via dos transportes públicos. As publicidades são fantásticas, apregoam os transportes públicos como sendo algo que funciona, e há uns meses até o Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, deu ares de sua graça com uma dita corrida sem grande interesse entre uma bicicleta, um Porsche e o metro. A verdade porém é algo duvidosa, não sempre é claro, mas estou aqui para relatar o absurdo que é o meu percurso diário.

Começo então por descrever o percurso feito. Todos os dias apanho o comboio na estação de Carcavelos, saio em Alcântara-Mar e dirijo-me a pé para Alcântara-Terra. Por algum motivo (relativo a questões de  insegurança, assumo eu) retiraram o percurso coberto que ligava as duas estações. Para quem não conhece, as duas estações não estão propriamente próximas uma da outra e o percurso é bastante desabrigado pelo que se adivinha um Inverno animado. A ajudar à festa o cruzamento mais próximo de Alcântara-Terra é, na melhor das hipóteses, demoníaco e um verdadeiro teste à sobrevivência… Por ultimo apanho o comboio de Alcântara até Moscavide. No final do dia, como seria de esperar, o percurso é exactamente o inverso e foi no regresso que mais uma vez a coisa deu para o torto.

Tudo começou ainda no trabalho (claro que aqui não vou apontar o dedo à CP) em que depois de um dia até bastante pacifico houve pedidos de ultima hora. Faço o que posso para tratar do assunto e aí vou eu para a estação de Moscavide, assim que lá chego constato o que já suspeitava, perdi o comboio das 18h25 por 2 minutos. Aqui sim começo a desejar mal aos senhores que tratam dos horários da linha em causa, é que o próximo comboio que pára em Alcântara-Terra só passa às 18h55 (sim, mesmo em hora de ponta o comboio tem uma periodicidade de 30 minutos, coisa que dá imenso jeito). Ainda estou eu a recalcular os tempos de chegada a casa e oiço logo a malfadada voz mecânica que avisa atrasos de 10 minutos na linha… A estação de Moscavide é bastante manhosa, tal como quase todas as que servem o percurso que eu faço, portanto resolvi apanhar no primeiro comboio que apareceu de forma a ficar em Entrecampos e assim diminuir as chances de ser abordado por algum meliante que me alivie dos parcos pertences que transporto. Ao fim de mais de 10 minutos de atraso lá aparece o comboio para Alcântara-Terra. Saio da ultima estação, passo pelo dito cruzamento onde testo novamente as leis de Darwin(até à data posso dizer que tenho tido um sucesso notável em não ter apanhado com um carro em cima) e sigo para Alcântara-Mar o mais depressa que posso. Chego lá e claro, ainda vou a tempo de ver o comboio de São Pedro partir… Mais uma vez apanho o primeiro comboio que me aparece à frente, que era o de Cascais (não para em Carcavelos). Saio em Oeiras, espero que venha o comboio de Oeiras (não me enganei a escrever, há mesmo um comboio cujo destino final é Oeiras) e finalmente lá vem um comboio que para em Carcavelos. Chego ao meu destino às 20h07 (1h40 de percurso) e constato que já não consigo ir aos planeados treinos de Aikido. Ricos transportes, penso eu…

Pois é verdade, sem dúvida que se poupa dinheiro e é inquestionável que se preserva o ambiente, mas que tal fazerem uma rede de transportes a sério? É que cobrar a entrada de carros na cidade (ideia muito em voga  nas autarquicas) é muito fácil, criticar que leva transporte próprio está ao alcance de qualquer um, mas então e alternativas interessantes? O que é feito de transportes públicos que realmente funcionem, que não se atrasem e que tenham uma regularidade aceitável? Parece-me no mínimo patético que não exista uma ligação entre as duas estações de Alcântara, pior ainda o facto de não haver sitio onde atravessar no ultimo cruzamento(não quero nem pensar na quantidade de atropelamentos que de certeza já ali se deram) e por ultimo, o lastimável estado das estações (para além da degradação, boa parte delas não têm nem um posto da CP, apenas uma máquina de venda de bilhetes).
Por hoje fico-me por aqui, era apenas um desabafo.

Um grande bem haja,
GN

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