sábado, 5 de junho de 2010

E quem não salta quer educação!

Mas Portugal salta...
Ora boas, regressei mais cedo do que esperava. Confesso que só me via a escrever aqui uma nova entrada na próxima semana, com alguma observação sobre o estado de alienação dos portugueses graças ao campeonato do mundo de futebol (como se fosse preciso uma desculpa para nos alienarmos da vida cívica)... No entanto hoje ao ver as noticias da hora de almoço pensei: "será que esta gente perdeu o pouco juízo que tinha?".

O noticiário trouxe novas interessantes. Duas delas foram apresentadas pela ministra da educação. Uma referente ao fecho de mais de 500 escolas primária e a outra dizia respeito à ideia peregrina de passarem automaticamente para o 10º ano os alunos do 8º que tenham já mais de 15 anos. Por ultimo, o noticiário deu-me também a entender uma coisa trágica, a nossa verdadeira preocupação nacional é: "será que podemos contar com o Nani e o Beto para a África do Sul?".

O fecho de mais de 500 escolas primárias é preocupante a meu ver. Mais uma vez estamos a seguir uma lógica economicista e particularmente cega quanto à nossa realidade. O critério não podia ser mais básico, se tem menos de 20 alunos, fecha. Então e o que se vai fazer a esses 20 alunos?
Há anos que se fala no combate à desertificação. Dinheiros públicos têm sido gastos, por vezes mesmo esbanjados, em infra-estruturas que alegadamente dão  melhor qualidade de vida a quem vive no interior e impede assim a contínua migração para o litoral (nomeadamente Lisboa e Porto). A pergunta que se impõe, para mim que sou lisboeta e que me tento por na pele de quem vive no interior de Portugal, é então, o que me faria escolher (ou não) o interior em relação a uma grande cidade?
Tipicamente os governos têm optado pelo tipo de medidas "para inglês ver", ou seja, betão. Constrói-se uma auto-estrada sem portagens (que já se viu que não é sustentável) e assume-se que está tudo bem no paraíso. Entretanto aparecem este tipo de medidas de fecho de escolas, centros de saúde, e todo o tipo de instituições sociais que fazem particular sentido nas povoações mais isoladas. Claro que sei que não é possível ter uma escola em todas as ruas nem um centro de saúde para cada "meia dúzia" de pessoas, mas este tipo de medidas avulso são apenas formas de gastar onde não se deve, poupar no que faz falta, e no fim, não definir qualquer rumo para o futuro.

O ponto dois da ministra é a triste ideia de se fazer uma passagem directa do 8º para o 10º para os meninos com mais de 15 anos. A desculpa não podia ser melhor e baseia-se em ser "uma situação muito difícil para o aluno" e em "não poder desmotivar os alunos sob pena deles abandonarem as instituições". Vá, vamos lá falar sério, estão os nossos governantes a trabalhar a favor ou contra o país?
As reformas da nossa educação têm sido verdadeiramente anedóticas. A obrigatoriedade do ensino de 12 anos, a quase impossibilidade de se chumbar um aluno, os programas das novas oportunidades, e agora isto... Quando se fala em problemas estruturais em Portugal, é isto que eu vejo. Problemas estruturais não se corrigem em 3 anos, nem numa legislatura ou mesmo duas. Problemas estruturais corrigem-se em décadas de trabalho e este é o melhor dos casos de exemplo. Quem está hoje a receber educação será o eleitor e o governante de amanhã. Como podemos esperar alguma coisa dessa geração que não teve objectivos a cumprir? É uma geração a quem se está a dar habilitações que não têm e a quem se está a dizer que não precisam de estudar nem de lutar para terem direito ao que quer que seja. Mais, a nossa, actualmente péssima, competitividade só tem a perder com isso. Como podemos nós competir no estrangeiro quando a nossa exigência interna é tão miserável?
Mesmo tecnicamente faz-me confusão como é que a ministra da educação, ela própria uma professora, pode achar que faz algum sentido um aluno saltar assim dois anos nessas condições. São anos fundamentais para a formação académica de qualquer estudante! Como é que um aluno que não tem vontade ou capacidade para terminar o 8º ano vai passar do 10º? Só mesmo criando mais uma excepção que diga que aos 18 anos ficam todos com o 12º sem nunca se terem dado ao trabalho de se esforçarem por ele. Eu nunca conheci ninguém que tenha saltado dois anos por ser genial, alias, penso mesmo que isso nem é permitido, mas vamos passar a conhecer quem salte dois anos por ser um asno ou um preguiçoso!

Pois é verdade, este post já vai longo, mas mesmo assim podia-se dizer muito mais sobre o assunto. Os erros que agora cometemos, vão ser pagos bem caros e mais cedo do que se pode pensar. Não estamos a tratar apenas que questões de literacia, já de si extremamente importantes, mas mais ainda de uma questão de valores que esses sim estão em risco quando se apresentam estes caminhos de facilitismo. Não podemos esperar que depois de 12 anos de uma escola de brincadeira, que desvirtua o principio do trabalho e do esforço, saiam de lá bons profissionais, ou sequer pessoas que percebam a necessidade de se ser um bom profissional. Certamente pensarão "mesmo que eu não seja competente, o chefe vai-me promover para não me traumatizar". Enfim, por ultimo quero deixar aqui a manchete dos telejornais, que demonstram onde estão as preocupações do povo: “Nani estará apto para a Africa do Sul”, afinal está tudo bem.

Um grande bem haja,
GN

6 comentários:

  1. em relação a essa medida de passarem, imediatamente para o 10º ano, é mediante um exame, exame esse ao qual todos aqueles que se propuzeram este ano chumbaram. portanto a medida não é nada facilitista, mas sim de incentivo. é uma segunda oportunidade para alunos que estão à partida condenados à exclusão, e parecendo que não, ter a vida sentenciada aos 15 anos por causa de um sistema de ensino claramente desadequado e imperdoável, não é nada giro.

    quanto ao fecho das escolas, o combate à desertificação parte do governo com a criação das infraestruturas, as tais medidas para inglês ver, tudo o resto tem de vir inquestionávelmente das autarquias locais, como se pode ver com os bons exemplos de cidades como Mirandela e outras, que fomentam medidas excepcionais para que criem condiçoes para que as pessoas e as empresas se instalem nos concelhos.

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  2. Olá Marco,

    Em primeiro ligar, obrigado pela tua participação!

    Quanto às questões por ti levantadas, e bem, surgem-me outras dúvidas:
    - A primeira prende-se com o facilitismo. Como disseste, realmente nenhum dos alunos propostos a exame foi bem sucedido. Porquê? Bom, se o exame de equivalência abranger a matéria e o conhecimento equivalente (como deve ser) então este será o resultado de todos estes exames e esta não passou de uma medida populista. Sejamos sinceros, um aluno que ficou dois anos retido no oitavo não tem capacidade para transitar para o décimo através de um exame. Caso o faça, isso é um sinal mesmo muito negativo para o nosso ensino que está já longe de ser famoso...
    - A segunda está relacionada com a evolução académica do aluno, a qual te referiste como "sentenciada". Pessoalmente parece-me uma expressão demasiado forte e despropositada ao caso. Tive colegas que chumbaram até ao fim do secundário, e nunca ficaram traumatizados por causa disso nem viram o seu futuro hipotecado por esses erros em particular. A perda de um ano é logicamente negativa, mas mais negativo será dar falsos diplomas por conhecimento que não se adquiriu. Tipicamente os chumbos dão-se por duas situações, ou o aluno não tem capacidade ou não tem maturidade para assumir as suas responsabilidades como estudante. Naturalmente há outras excepções, tais como doenças e situações familiares que causam instabilidade, mas a solução não está nem pode estar nesses automatismos sob pena de terem de se encontrar outras medidas inventivas para transitar estudantes do décimo ano em diante...

    O segundo ponto prende-se com o fecho de escolas e criação de infraestruturas. Aqui tenho maior dificuldade em acompanhar o teu ponto de vista. Logo à partida, de que serviu a criação da maioria das infraestruturas promovidas pelo governo? As autoestradas foram na sua maioria um autentico roubo aos contribuintes, como se vê agora pela obrigatoriedade de pagamento das mesmas. Claro que alguns daqueles troços fizeram todo o sentido, mas na sua maioria foi apenas "queimar" dinheiro para apresentar obra feita.
    O combate à desertificação não se faz através da criação de uma autoestrada que liga dois lugares à beira da desertificação, ou mesmo a Lisboa. É mais rápido ir de Mação (poderá não ser o melhor exemplo) a Lisboa com as novas autoestradas? Com certeza que sim, mas quem vai querer lá ficar senão tiver escolas onde por os filhos, hospitais e centros de saúde onde se socorrer em caso de necessidade, ou serviços que lhes prestem o que consideram essencial para o seu dia a dia? Sem todos esses serviços básicos, não haverá capital a querer investir nessas terras simplesmente porque não terá mão de obra disponível para se deslocalizar.
    As autarquias têm muito para fazer, sem duvida. Infelizmente, pela forma como o nosso sistema está montado, elas acabam muitas vezes por ser um cancro para o desenvolvimento uma vez que só aumentam os preceitos burocráticos e os custos do Estado, apesar de tudo, tanto as escolas como hospitais estão dependentes do poder central e é o Estado que neste momento decide as que ficam e as que fecham.

    Abraço,
    GN

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  3. "Caso o faça, isso é um sinal mesmo muito negativo para o nosso ensino que está já longe de ser famoso..."

    discordo, estás a assumir que os alunos chumbaram apenas porque não têm capacidade para tal, e não por outras razões. haverá decerto muito que não têm capacidade ou nem sequer estão interessados, mas também os haverá noutras situações especialmente de exclusão social da qual eles não têm culpa, e que no entanto desejam uma segunda oportunidade. Não é facilitismo nem populismo, mas sim dar uma segunda oportunidade, e segundas oportunidades não fazem mal a ninguém. Não afecta os outros alunos, e pode dar uma nova chance a estes que chumbam, logo, tendo em conta que não lhes é facilitada de forma alguma a matéria abordada, não percebo como se pode ser contra uma medida destas. Mais uma vez, não sao falsos diplomas, falso diploma era se a matéria abordada fosse mais simples que a adequada, mas sim uma nova oportunidade de se redimirem academicamente.

    No segundo ponto, deixa-me clarificar:

    as infraestruturas criam-se para desenvolver a industria por requerimento das regioes afectadas, como forma de criar alternativas mais viáveis às já existentes.
    O estado não pode colocar terrenos autarquicos à venda por preços reduzidos, o governo não pode fazer acordos de longa duração que envolvam beneces para a instalaçao de uma fabrica ou de uma empresa numa dada regiao ou concelho, quer dizer pode, mas não é o dever dele, isso é algo que deveria depender unicamente das autarquias sob pena do estado ser acusado de beneficiar dada regiao em deterimento de outras, como aconteceu por exemplo com aquela ideia estupida de discriminaçao positiva no pagamento das scuts. temos imensos exemplos de autarquias que fazem isso muito bem, basta veres o exemplo do projecto novos povoadores por exemplo, que ironicamente chegou agora a um impasse precisamente por causa das autarquias que alegam não terem fundos necessarios.
    Ora bem se a industria nao se instala, nao se cria emprego, se nao se criam emprego as pessoas nao têm interesse em viver lá, e se não há pessoas, haverá inevitávelmente serviços que não se justificam. Parece estupido estar-se a reduzir serviços de saude e educação por razoes financeiras, mas a verdade é que nem sequer é uma redução mas sim uma relocalização. Temos de ver que o estado social é muito bonito, mas só funciona se tiver apoio financeiro, e estamos a falar de serviços que estatisticamente pura e simplesmente nao se justificam.
    E os serviços estao a ser relocalizados para locais dos concelhos afectados, nem estamos a falar de distâncias astronomicas.

    espero ter sido mais claro sobre o meu ponto de vista,

    cumprimentos.

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  4. Olá novamente. Antes de mais agradeço novamente a tua participação, se há coisa que gosto é deste debate de ideias.

    Em relação ao primeiro ponto, devo dizer que referi na minha resposta anterior que o não aproveitamento do aluno pode dever-se a outras situações para além falta de interesse ou capacidade. Há logicamente, tal como referi, situações pessoais e sociais que influenciam e muito a capacidade de estudo de um aluno. Posto isto devo novamente reafirmar que não vejo qualquer sentença de vida na reprovação de um ou dois anos, não se fecham oportunidades por isso, pelo que não há necessidade de 2ª chance quando se vai perfeitamente a tempo da 1ª. Acho sim que, até pela forma como a medida foi publicitada, essa segunda oportunidade se revela nefasta para os que, até aí, estavam a seguir o seu percurso académico com maior ou menor dificuldade uma vez que gera um sentimento desmotivante... "para quê estudar este tempo todo se posso resolver 2 anos num exame?"
    Pessoalmente não conheço o conteúdo dos exames que possibilitam essa transição, mas honestamente não vejo como é que eles podem incluir a matéria, o conhecimento e o esforço acumulado por dois anos de estudo. Simplesmente não é possível compactar dois anos em 3 horas e daí falar em falsos diplomas, tal como se tem falado e muito do programa das novas oportunidades por exemplo (mas isso são outras contas).

    Na questão das infra-estruturas, continuo com algumas dúvidas em relação ao teu raciocínio, mas se percebi bem, a nossa discordância está essencialmente em saber qual das entidades deve dar o primeiro passo. À semelhança do dilema "quem vem primeiro? o ovo ou a galinha?" temos claramente visões diferentes. Para mim é lógico que o Estado não pode ter um hospital em cada aldeia, mas não me parece justo que deixe de dar assistência devida aos contribuintes que não vivem nas grandes áreas metropolitanas. Mais ainda, são serviços essenciais para fixar as populações. Não podes esperar fixar empresas em locais que não servirão os seus futuros colaboradores.
    Cria o cenário de tu quereres agora criar uma empresa que precise de alguma mão-de-obra qualificada. Lembras-te de a sediar fora de
    Lisboa, possivelmente para o interior do país por teres alguns benefícios fiscais, e inicias o teu recrutamento (nas grandes cidades que é onde tens mais facilidade de encontrar essa mão-de-obra qualificada). Quem vai querer ir para lá? Certamente que a recusa não virá só pelo gosto de viver em grandes cidades, podes certamente contar com factores positivos como o preço das habitações, qualidade de vida, redução de stress e o resto?
    Se tiveres filhos tens de os levar a uma escola que pode ficar a mais de 40km's, se precisares de ir ao posto de saúde é bom que calhe nos 2 ou 3 dias por semana que ele está aberto (contanto que ainda não tenha sido fechado) caso contrário tens de ir ao hospital distrital
    (não é sequer do concelho) que com sorte fica a mais de uma hora de caminho. Atenção que não me estou a referir a aldeias refundidas, estou a falar de freguesias que muitas vezes não são tão pequenas quanto isso.
    Para finalizar, quanto à obrigatoriedade estar do lado das autarquias ou do Governo Central, isso é uma questão de organização e penso que dessa discução não se tira muito, uma vez que que no limite está dependente do Estado. As autarquias, na maioria das vezes, não dão incentivos fiscais porque isso sai dos impostos que lhes são pagos directamente e consequentemente têm uma redução nas suas receitas. Infelizmente, as nossas autarquias, à semelhança de tudo o resto por cá têm tendência para terem graves défices orçamentais, muito por culpa de um sistema burocrático pesadíssimo criado por elas próprias. Finalizando esta questão com um parecer que foge um pouco ao tema, eu não acredito muito em benefícios fiscais especiais. Acredito sim numa politica de taxação séria que de confiança aos investidores pela sua estabilidade e que não passe pela sangria recorrente aos contribuintes, sejam elas empresas ou particulares.

    Abraço,
    GN

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  5. Boas,

    "Posto isto devo novamente reafirmar que não vejo qualquer sentença de vida na reprovação de um ou dois anos, não se fecham oportunidades por isso"

    Estás a assumir que não vai voltar a chumbar.
    Uma criança que a essa idade já chumbou 2 anos vai voltar a chumbar de certeza, sejam os factores externos quais sejam. Por isso não sao apenas 2 anos mas tudo o que advém disso. e dar-lhes a oportunidade de concluir a escolaridade obrigatoria e obter as habilitaçoes minimas já é pelo menos uma benesse para poder arranjar emprego e se poder integrar dignamente na sociedade.

    questao das infraestruturas:
    quero propor uma hipotese:
    se um dia pensares em ir viver para uma cidade ou aldeia do interior qual vai ser o teu primeiro pensamento?
    nao vai ser escolas
    nao vai ser centros de saude.
    vai ser emprego.
    um concelho pode ter os serviços que quiser, se nao houver condiçoes para a criaçao de emprego, ninguem se muda para lá.
    e a promoçao do emprego a nivel local depende unica e exclusivamente das autoridades locais, que têm de saber atrair as empresas para dinamizar as localidades.
    e dizer que sao obras para ingles ver é absurdo, concerteza nunca tiveste de fazer p.e. o trajecto viseu - lamego - guarda, pela estrada nacional, situaçao que veio mudar com a recente A24. ora fabrica nenhuma se instalava naquela zona se
    tivesse que enviar os seus camioes para uma estrada de 50km de altos, baixos, curvas e contracurvas em montanha, a A24 veio mudar isso, e tal como a A24 existem muitos outros exemplos.

    Cumprimentos,

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  6. Ora boas,

    Li novamente o teu comentário com toda a atenção e não pude deixar de me espantar...
    "Uma criança que a essa idade já chumbou 2 anos vai voltar a chumbar de certeza", "dar-lhes a oportunidade de concluir a escolaridade obrigatória e obter as habilitações mínimas já é pelo menos uma benesse para poder arranjar emprego e se poder integrar dignamente na sociedade".
    Então qual é a vantagem de dar a escolaridade obrigatória? Será justo para todos os outros que a fizeram à custa do seu esforço?
    Como tudo na vida é absolutamente necessário encontrar critérios de distinção entre candidatos a um determinado emprego (sendo um deles, logicamente o seu grau de escolaridade). Então o que será daqui para a frente com esse tipo de "habilitações de secretaria"? O que constará nos certificados de habilitações das pessoas a quem lhes foi oferecida uma habilitação que não adquiriram pelos devidos meios? Se for igual à dos restantes é injusto para quem passou tantos anos a estudar com sucesso, mais ainda, esse grau de escolaridade tornar-se-á "desprezível" no sentido em que será impossível aos empregadores saberem qual o real conhecimentos que é suposto o candidato ter adquirido (ou seja, por este meio, não vais aumentar as possibilidades de quem antes não tinha certo grau de escolaridade, mas sim diminuir as possibilidades dos restantes uma vez que esta se irá desvalorizar). Se por outro lado houver distinção nos certificados de habilitações, então pelo menos quem tirou o curso pela via regular não será tão prejudicado, mas reafirma a minha percepção de que essa escolaridade mínima (oferecida) é apenas um critério de secretaria que em nada ajuda quem a faz por esses meios.

    Quanto às infraestruturas e condições para a geração de emprego continuo a não poder concordar contigo. É certo que as autarquias têm papeis importantes a desempenhar na criação de emprego, mas a maior fatia de responsabilidade pertence sem duvida ao governo central (começando logo pelos impostos, mas isso seria outro tema).
    Quanto às obras para "inglês ver", diz-me então quantas empresas foram atraídas pelas novas autoestradas, das (poucas arrisco) que se terão sentido atraídas a investir no interior graças a essas novas acessibilidades quantas se manterão após a introdução de portagens, e, mais importante de tudo, quanto dinheiro geraram essas empresas e quanto foi gasto pelos contribuintes nesses projectos sem nexo? Nem é necessário fazer muitas contas, basta ver que passa por lá tão pouca gente que não era sustentável impor portagens nesses troços e agora, por falta de dinheiro não é sustentável não por portagens... O emprego gerado, a ter sido gerado, foi residual. Não tens um interior menos desertificado nem mais evoluído, muito menos na proporção dos gastos efectuados com essas obras. Ninguém vai deslocalizar uma fábrica (ou qualquer outra empresa) para ficar mais próxima de uma autoestrada do interior. Mas posso-te garantir que à muita gente a abandonar o interior porque não tem escolas onde por os filhos, não tem centros de saúde e tem medo de ficar esquecido quando mais precisa e sente ser um cidadão de 2ª no acesso aos direitos mínimos garantidos pela constituição. Esse tipo de infraestruturas básicas gera pelo menos a criação e manutenção de alguns serviços aos residentes não sendo por isso, de ignorar não só pela sua acção directa como também indirecta.

    Cumprimentos,
    GN

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