quinta-feira, 3 de junho de 2010

Contas de merceeiro, e então?

Ora boas, tudo bem divertido neste feriado? Pois bem, hoje é dia de contas. Vá, nada de desesperos, não vai ser nada de muito complicado… Então é assim, quem já se apercebeu do impacto da subida do IVA na conta de supermercado?

(O propósito deste parágrafo é unicamente esperar que 75% dos dois leitores deste post abandonarem a página…)

Eu não paro de me arrepiar de cada vez que oiço alguém a encolher os ombros e a dizer-me “não percebo este alarido só por 1% de aumento, 1% não é nada…” (nesta altura quase tenho de recorrer à mnemónica do AVC para me certificar de que ainda estou bem).
Agora que já expliquei o que me faz indignar irei proceder a meia dúzia de contas simples que ajudam a perceber o quanto é esse famigerado 1%. Devo desde já avisar que são contas literalmente de merceeiro, por isso, e se por acaso alguém versado em  “contas” daquelas evoluídas dos economistas der por estes singelos exemplos, por favor, tenha dó de mim e não me desfaça em nada…

Para efeitos de simplicidade, vamos apenas considerar os produtos que são abrangidos pela taxa mínima (apesar de todas as taxas levarem agravamento de 1%, estou apenas a fazer referencia aquela que antes era taxada a 5 e que passará então a 6%). Acrescento também que, ao contrário do que José Sócrates quis passar com o triste exemplo da Coca-Cola, a taxa mínima é aplicada aos bens essenciais (pão, carne, água e todos os produtos de que nem ricos nem pobres não podem ficar sem comprar).
Usarei então o número redondo de €10,00/dia sem imposto (em bens essenciais). Uns gastam mais, outros menos. No final e se acrescentarmos os produtos considerados não essenciais é só extrapolar as contas já que estamos a falar de valores percentuais.

Exemplo diário:

Gasto diário sem imposto €10,00
Imposto de 5% €0,50
Agravamento de 1% €0,10

Nesta altura a “meia pessoa” que ainda estava a ler o post estará certamente a insultar-me por esta perda de tempo. Passarei então à extrapolação mensal e anual:

  Mensal (30 dias) Anual (365 dias)
Sem imposto €300,00 €3650,00
Imposto de 5% €15,00 €182,50
Agravamento de 1% €3,00 €36,50

Vá, ninguém estava à espera que neste exemplo bacoco tirasse daqui milhares de euros em 1%… Mas, analisem com alguma atenção, e reparem em quanto está a ser aumentado este imposto em particular! Ah pois é, o aumento é de 20% (resolvi por logo aqui a conta porque sei que ninguém a vai fazer). Se não acreditam, vejam:

Mensal €15 + 20% (€3,00) = €18
Anual €182,50 + 20% (€36,50)= €219,00

Agora digam-me então quantos de vocês conseguem viver com €300 por mês! Boa parte das pessoas que conheço gastam, contas redondas, próximo dos €1000 mensais (faça-se €900 mensais para ser “só” triplicar o valor) e pagarão por isso mais €109,50 anuais nesta subida de 1%.
Logicamente, aqui não estou a contar com os arredondamentos feitos pelo comércio (invariavelmente para cima, como todos sabemos). Só por curiosidade, e corrijam-se se estiver errado a subida do IRS (de 1% para a maioria de nós) terá também um impacto bastante significativo nas contas familiares. Assumindo €1000 a serem taxados em IRS (já sem Segurança social e afins): €1000 X 14 (meses) = €14.000,00 anuais. 1% de €14.000,00 = €140,00 anuais de IRS a acrescer ao que já se paga .

Pois é verdade, se alguém chegou até este ponto, desde já muito obrigado! Espero que estas contas de mercearia tenham ajudado a perceber como e menos de nada, e nestes “míseros” 1%’s nos veremos aliviados de mais €249,50 anuais neste agravamento (que até acho que são contas optimistas, para além de assumirem que o “aperto do cinto” se fica por aqui). Diria que é motivo para nos deixarmos de abstencionismos e pensarmos seriamente nas pessoas a quem atribuímos a responsabilidade de governar o país. Mas essas são outras contas…

Um grande bem haja,
GN

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